RESENHA HISTÓRICA E CULTURAL
A freguesia de Gestaçô está situada na margem direita da ribeira de Teixeira, afluente do rio Douro, é a segunda maior freguesia de Baião. Encontra-se no limite deste concelho, com Mesão Frio, a 18 km da sede do concelho e a 4 km de Santa Marinha do Zêzere. É servida pela estrada nacional 304-3 e dispõe de uma carreira regular de transportes públicos e de uma praça de táxis. O topónimo deriva do termo "giesta", do latim "genesta", que registou uma grande evolução fonética ao longo dos séculos. O território é referenciado, na documentação oficial, desde meados do século X, numa doação de 959, em que se cita o lugar de "Genataciolo", mas o seu povoamento primitivo é muito anterior a essa data. O conjunto de moedas, em bronze, da época romana, encontradas em 1885, nas suas terras, comprova este facto histórico. Desde o século XII, pelo menos, que a paróquia de Sam Johanne de Jestaçô" esteve integrada no arcediago de Baião e na circunscrição administrativa do mesmo nome, a terra de Baião, sob cuja administração se manteve até meados do século XVII. Entre 1623 e 1907, pertenceu à comarca eclesiástica de Sobre o Tâmega. No senso realizado em 1798, urge, pela primeira vez, a designação "São João do Campo de Gestaçô". Situada entre as Serras do Marão e de Montemuro, é uma freguesia essencialmente agrícola, onde se produz um dos mais apreciados Vinhos Verdes da região. A imagem de marca desta freguesia são as famosas bengalas feitas artesanalmente, e únicas no país. Gestaçô orgulha-se das personalidades que, tendo nascido ou vivido no seio das suas terras, deram o seu importante contributo para o desenvolvimento do país e para o bem-estar da sua população, de que é exemplo o escritor Soeiro Pereira Gomes. Este autor, que alcançou, um lugar de relevo no panorama literário nacional, com a obra Esteiros, foi agraciado pelos habitantes locais com a colocação, à entrada da freguesia, de um monumento que o homenageia. As bengalas de Gestaçô assumem importância cimeira dentro do artesanato da Freguesia de Gestaçô. A quase exclusividade de produção no fabrico destes objectos faz o orgulho dos artesãos desta localidade que recebem encomendas de todo o país. No séc. XIX e no 1º quartel do século XX, a bengala era um acessório indispensável da toilette masculina. Embora não se possa dizer que tenha sofrido uma refuncionalização, isto porque já havia pessoas para as quais a bengala tinha mais significado como objecto estético do que utilitário, é encarada nos nossos dias como um objecto essencialmente decorativo. As primeiras oficinas de bengalas surgiram em Gestaçô nos finais do séc. XIX. O grande impulsionador do ofício foi então Alexandre Pinto Ribeiro, que em 1902 ali instalou a sua oficina. Pinto Ribeiro revolucionou todo o processo de fabrico das bengalas e cabos de guarda-chuva, ao introduzir uma pequena inovação: a técnica da dobragem. Esta consiste em dobrar as pontas das tiras de madeira amolecida em água a ferver, com ajuda de uma barra metálica, o que permite maior economia em termos de matéria-prima, e a obtenção de uma bengala de maior qualidade. A partir desse avanço tecnológico, Gestaçô tornou-se uma referência a nível nortenho, tanto na produção da bengala como da mão de guarda-chuva, crescendo o número de encomendas do Porto, São João da Madeira e Braga. Com a técnica veio a criatividade e o surgimento de vários motivos e desenhos originais para embelezar as bengalas: cabeças de animais, cerejeira polida, incrustações de madrepérola, prata ou ouro. Com o passar das modas a bengala deixou de fazer parte da indumentária masculina e as mãos de guarda-chuva começaram a ser fabricadas em plástico, o que provocou o fecho de muitas oficinas em Gestaçô. A generalização da Queima das Fitas a nível nacional veio, no entanto, dar um novo fôlego ao ofício: todos os anos cerca de 30 mil universitários dão bengaladas com madeira dobrada e trabalhada naquela freguesia baionense. In:http://jf-gestaco.pt/freguesia-de-gestaco/historia.html
Sem dúvida que Soeiro Pereira Gomes é uma MAIS-VALIA para Gestaçô. O que ele descreve no seu livro ESTEIROS: "aos filhos dos homens que nunca foram meninos" e porquê esta frase?! Vou explicar por palavras minhas, pois eu também estou incluído neste grupo. O livro escrito no sul do país mas, essa realidade era em Portugal inteiro. Todas as crianças assim que começavam a andar já trabalhavam. Eu tantas vezes antes de ir par a escola (primária) já tinha ido com meus pais ou carregar um carro de mato, ou carregar um carro de estrume porque ia haver vessada, ou porque era preciso regar de noite etc etc.
ResponderEliminarMal acabei a instrução primária com 11 anos fui logo trabalhar para fora (oficina de bengalas). Ainda antes de completar os 11 anos já estava a trabalhar como interno no PORTO. Por isso SOEIRO ao escrever assuntos que não agradavam à política da altura, foi perseguido pela PIDE. A escola ou instrução primária era só para alguns: Alguns pais mais ambiciosos diziam: Ao meu filho, ou à minha filha faz-lhe melhor trabalhar do que ir para a escola!!!! ou os pobres não precisam de escola.
Amigo Arlindo.
EliminarO vosso comentário de 25/04/12, subscrevo inteiramente.
Adriano